No IX Encontro de pesquisadores, no dia 29/04/13, a professora Dra.
Cláudia Fernandes, coordenadora do mestrado em educação da UNIRIO, abriu o
encontro trazendo a boa notícia sobre a parceria que está sendo firmada entre a
UNIRIO e a UBA (Universidade de Buenos Aires), que possibilitará maior
aproximação com os estudos desenvolvidos por estas universidades, prevista ainda
para este ano letivo. Assim, passou a palavra à Dra. Carmen Sanches,
vice-coordenadora do PPDEDU, responsável pela vinda do professor Dr. Daniel Suárez,
atual diretor da faculdade de educação UBA, que falou sobre Investigação Educativa e Redes de Formação Docente: questões de
pesquisa. Ele nos trouxe reflexões sobre pesquisa em Educação, levantando
questões sobre a conversação em torno de narrativas docentes, práticas
escolares e investigação pedagógica. Como contribuir para os docentes constituam
não só uma comunidade de práticas, mas também de conhecimentos?
Daniel Suárez defende a perspectiva da investigação-ação
co-participativa entre docentes e pesquisadores acadêmicos ou profissionais,
para a recriação da memória pedagógica da escola. Ou seja, os educadores também
são coautores no processo de pesquisa, a partir de suas experiências pedagógicas
no cotidiano escolar, num intercâmbio de conhecimentos entre educadores e
academia.
Outro ponto levantado foi a importância da narrativa. A narração supõe
um caráter mais democrático do que outras formas de saber. Todos narramos,
todos somos contadores de histórias, e os professores são excelentes contadores
de histórias, que ficam confinadas ao recreio, à sala dos professores etc. A
narrativa na pesquisa é uma forma de preservação da memória, de sistematização
e produção de conhecimento pelos docentes que vivem experiências que, de outro
modo, ficam restritas ao ambiente escolar, sem publicização e contribuição para
o debate público sobre educação.
Suárez apontou, ainda, quais os procedimentos adotados por ele nesse tipo
de pesquisa: escrever, ler, comentar e conversar em grupo de pares, voltando
para a reescrita, releitura, novas conversas e comentários, num processo
espiral, no qual se aprofunda a escrita, a reflexão sobre a prática docente e
sua leitura. Assim, todos se repensam e repensam suas práticas no processo de
investigação participação-ação, com a circulação do saber em coautoria com os
próprios docentes narradores. Sublinhou que este procedimento só se torna
possível em um ambiente institucional que o propicie. A ideia é de construção
coletiva, num processo de autoformação, conformação e de ecoformação.
Essas reflexões, por vários motivos, colaboraram com o aprofundamento das discussões do grupo, que se dedica ao estudo das narrativas, quer pelo viés da recepção, quer pela produção audiovisual. Numa situação ou em outra, a narrativa assistida ou feita por ele mesmo é elemento constituidor formador dos sujeitos, ao compartilhar da narrativa de outros ou ao narrar sua história. Os sujeitos, nossos pesquisados, narram-se pelos seus vídeos, pelas escolhas do que assistem, pelas falas que trazem no contexto da pesquisa... Tornar públicas essas narrativas é dar a conhecer um pouco mais de nós mesmos, da educação, da nossa sociedade e de nossa cultura. Suárez traz, ainda, pontos significativos para pensarmos sobre o próprio processo do “pesquisar”: a relevância das questões de investigação para os sujeitos pesquisados, o respeito ao saber desse sujeito na pesquisa, a possibilidade de se olhar a pesquisa como processo de formação do pesquisador e do pesquisado, numa troca mútua de saberes e construção conjunta. Esses (entre outros) aspectos levantados na palestra nos ajudam a repensar nossa atuação como investigadores das ciências sociais e sua especificidade.
Essas reflexões, por vários motivos, colaboraram com o aprofundamento das discussões do grupo, que se dedica ao estudo das narrativas, quer pelo viés da recepção, quer pela produção audiovisual. Numa situação ou em outra, a narrativa assistida ou feita por ele mesmo é elemento constituidor formador dos sujeitos, ao compartilhar da narrativa de outros ou ao narrar sua história. Os sujeitos, nossos pesquisados, narram-se pelos seus vídeos, pelas escolhas do que assistem, pelas falas que trazem no contexto da pesquisa... Tornar públicas essas narrativas é dar a conhecer um pouco mais de nós mesmos, da educação, da nossa sociedade e de nossa cultura. Suárez traz, ainda, pontos significativos para pensarmos sobre o próprio processo do “pesquisar”: a relevância das questões de investigação para os sujeitos pesquisados, o respeito ao saber desse sujeito na pesquisa, a possibilidade de se olhar a pesquisa como processo de formação do pesquisador e do pesquisado, numa troca mútua de saberes e construção conjunta. Esses (entre outros) aspectos levantados na palestra nos ajudam a repensar nossa atuação como investigadores das ciências sociais e sua especificidade.
Margareth Olegário e Lucineia Batista
Foto: Igor Helal
Para conhecer mais:
SUÁREZ, Daniel. Docentes,
narrativa e investigación educativa: la documentación narrativa de las
prácticas docentes y la indagación pedagógica del mundo y las experiencias
escolares. In: SVERDLICK, Ingrid (org.)
La investigacion educativa: uma
herramienta de conocimiento y de acicón. Buenos Aires: Noveduc.
2 comentários:
Pessoal, muito bom o texto do encontro. Obrigado por usarem o mosaico. Vai ajudando a visibilizar nossas ações na UniRio! Um beijo!
De nada Igor! Suas habilidades com as imagens são sempre apreciadas por nós! Fale para a Carmen aparecer por aqui também!
Beijos,
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