No último dia 02, Philippe Dubois deu a palestra de abertura da Pós-graduação da Faculdade de Comunicação da UFRJ sobre o tema Cinema de exposição.
A palestra foi ilustrada por slides com diversos exemplos de trabalhos de artistas que levaram a linguagem do cinema para os museus.
Relataremos a seguir algumas questões colocadas por Dubois.
A expressão “cinema de exposição” foi cunhada pelo um crítico de arte contemporânea Jean-Christophe Royoux, nos anos 2000. Tal conceito se opõe ao cinema de projeção num movimento que ocorre nos últimos 20 anos, ocupando outros espaços de exposição, como galerias de arte e museus.
Philippe Dubois entende cinema como:
- os filmes (indiferentemente de seus gêneros) constituem o cinema;
- uma instituição social, cultural, econômica etc.;
- um dispositivo historicamente estável (sala de projeção[1] e sua topografia dinâmica);
- os espectadores (condição sem a qual o cinema não pode existir).
Ingredientes do “dispositivo cinema”
Ideia de dupla migração: imagens e dispositivos
A migração de suportes/dispositivos e imagens que saem das salas do cinema, onde há um envolvimento com o valor de projeção, para o museu ou a galeria, onde será agregado a ele um valor de exposição. Em museus e galerias há outro código de comportamento em relação ao que é exibido ali. Também os espaços, suportes e públicos são distintos daqueles encontrados no cinema.
As migrações podem ser consideradas sociológicas e econômicas, pois seguem a ordem de mercado. Neste sentido, pode-se considerar a economia do cinema como uma economia de exploração, e a economia da arte contemporânea como uma economia de especulação.
As imagens que antes eram apenas parte de filmes, que faziam parte do cinema, passaram a fazer parte de exposições.
Em Benjamin, no valor de projeção está incluído o de exposição. Agora não. Uma instalação com nove câmeras não tem um valor de projeção e sim um valor de exposição.
Dubois criou algumas categorias para classificar os diferentes tipos de migração do cinema para os museus e mostrou com diferentes exemplos como elas aconteciam.
Joana Milliet e Mirna Juliana
Joana Milliet e Mirna Juliana
[1] A sala de projeção segue uma política do espaço que cria uma dinâmica própria entre o filme, os espectadores, a tela e o espaço em que tudo isto está contido.
4 comentários:
Muito bom!!!!
Beijos,
Adriana
Eu simplesmente amei a primeira parte da palestra, foi de encontro a minha pesquisa.
Kelly e todos,
Descobri vários textos falando sobre pós-cinemas em que Dubois é citado como referência...
A palestra foi mesmo ótima! Inspiradora para pensar em maneiras de trabalhar o cinema com alunos e professores!
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