No dia 22 de maio no auditório do CPM no campus da Praia vermelha da UFRJ aconteceu a palestra do pesquisador francês Roger Odin que falou sobre seu tema de pesquisa: cinema no celular. Odin, professor de Ciência da Informação e Comunicação da Universidade de Paris III, tem pesquisas sobre documentário, filmes de família e mais recentemente sobre o cinema no celular.
Durante a palestra, Odin mostrou um curta-metragem feito com celular e trechos de dois longa matregens franceses exibidos no Festival de Cannes. O pesquisador falou sobre a existência de um mercado de filmes feitos com o celular, principalmente na Nigéria e na Índia, criado por razões econômicas. Isso democratiza o cinema, pois filmes são feitos onde isso não seria possível.
Odin
pesquisa como as pessoas que fazem os filmes veem as diferenças de se fazer os
filmes a partir de celular. Para quem assiste, essa pergunta é a mesma do que
para quem está fazendo o filme: Qual é a diferença do filme por estar sendo
feito por celular?
A produção
feita por celular se tornou uma linguagem cotidiana, sem necessidade de
pesquisa estética. A gente se comunica através da linguagem das imagens assim
como se comunica com o texto. Com isso muda o estatuto da linguagem, pois essa
passa a ser de comunicação e não somente uma linguagem cinematográfica, muda o
uso do cinema dentro do próprio filme.
A
câmera filmadora, mesmo compacta, temos que escolher se vamos levar na bolsa. O
celular está sempre no bolso. Ocorrendo algum acontecimento, imediatamente tem
várias pessoas filmando o que aconteceu. Isso traz consequências políticas
porque a gente pode filmar várias situações. Como, por exemplo, as manifestações
ocorridas da Tunísia. Graças ao celular a gente teve acesso às imagens da
manifestação.
Uma
grande transformação é que as imagens filmadas podem ser transferidas
imediatamente. Isso é estratégico, pois a imagem pode rapidamente ser
divulgada. Temos no bolso um poderosíssimo instrumento de difusão porque as
imagens podem ser difundidas momentaneamente e uma vez isso feito qualquer um
pode se apropriar dessas imagens e fazer um filme.
O
celular é individual. Ao filmar com o celular usamos a linguagem em primeira
pessoa. Quando filmamos com o celular, a gente não filma com o olho, mas com a
mão. Fazemos grandes planos sequencia. Essa é uma particularidade do celular
que mesmo as câmeras pequenas não têm. É uma extensão do corpo e sentimos isso
assistindo aos filmes.
Odin
fala de uma dimensão poética dos filmes feitos com celular, que nos levam a ver
de uma forma diferente aquilo que a gente vê na vida cotidiana. O pesquisador vê
no uso do celular imposições que incentivam a criatividade. Filmar em 35mm
também tem suas imposições, mas são de outra ordem.
O
pesquisador afirma que existe uma produção artística com o uso do celular, mas
não encontra uma correspondência nos trabalhos acadêmicos. Ao fim da palestra
conclamou: filmem e produzam sobre nossas relações do cinema a partir do celular
e do celular a partir do cinema!
Joana Milliet
2 comentários:
Muito bom Joana!!!!
òtimo registro!!!
Adorei o relato, Joana. Que competência!
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